MÃOS ABERTAS
(Ao Manuel Andrade)
Ana Vidal
Mãos abertas... li um dia
um poema que as cantava
mãos que nasceram para dar
Tão livres, que me encantava
aquela estranha magia
Mãos errantes, feitas de ar
Mãos abertas... como as mãos
do poeta que as cantou
tão esquivas como um adeus
Mãos que a poeira sujou
mãos moldadas em mil mãos
mãos de um homem que morreu
Mãos que só deram
e não tiveram
nada de seu
Mãos que se ergueram
e acenderam
estrelas no céu
Mãos que tocaram
mas não guardaram
sonhos perdidos
A sós ficaram
e se tornaram
anjos caídos
©Ana Vidal
In: Seda e Aço
Poemas
D&G Edições, Dezembro de 2005
Portugal