outubro 25, 2007



A CONCHA

Ossip Mandelshtam

Talvez te seja inútil minha vida,
Noite; fora do golfo universal,
Como concha sem peróla, perdida,
Me arremessaste no teu areal.

Moves as ondas, como indiferente,
E cantas sem cessar tua melodia.
Mas hás de amar um dia, finalmente,
A mentira da concha sem valia.

Jazer só a seu lado pela areia
E pouco faltar para que a escondas
Nessa casula onde ela se encandeia
à sonora campânula das ondas,

E as paredes da frágil concha, pouco
a pouco, se encherão do eco da espuma,
Tal como a casa de um coração oco,
Cheio de vento, de chuva e de bruma...

(1911)

Tradução: ?
Poeta Russo, nascido em 15.01.1891
Terminou seus dias num campo de prisioneiros, em 27.12.1938, na Sibéria.
Estudou na Escola de Tenishevsky, Universidade de Heidelberg e Universidade de St. Petersburg.