Nos lábios, secura de fome espera o rio manso das palavras. Ando soltando pássaros verdes e descubro nos ninhos lições de vida. O galho do salgueiro conversa com o vento. No corpo, marcas de ferro. Nas cavernas, lembranças embalsamadas.
Tudo é tangível, luminoso e vago Na orla que se afasta e a ilha dobra Em balas de precário sonho... Tudo é possível porque à vida dura E a noite se desfaz Em altos silêncios puros. Mas nada impede o renascer da imagem, A infância perdida, reavida, Nuns olhos vagabundos debruçados, Junto a um regato que sem cessar murmura.
Sonho
Um poema que ao lê-lo, nem sentirias que ele já estivesse escrito, mas que fosse brotando, no mesmo instante, de teu próprio coração.
MARIO QUINTANA